Boghosian e a língua da música

Artistas vêm e vão todos os anos, mas alguns conseguem deixar suas respectivas marcas e criar raízes no meio. Esta definição cabe muito bem ao DJ e produtor Paulo Boghosian, eleito por três anos como o melhor DJ do Brasil no COOL Awards. Ele já soma 17 anos de carreira e não tem previsão de parar tão cedo: tanto tempo de estrada permitiu que Boghosian construísse sua própria linguagem para criar novos sons e apresentar seus sets, tudo feito com muita sensibilidade e atenção. Tanta maturidade e a necessidade de se reinventar para se manter no jogo da música eletrônica fizeram com que ele fosse reconhecido como um dos grandes nomes do house brasileiro.

Em entrevista à COOL, o produtor refletiu sobre tudo que aprendeu com seu trabalho, suas influências e como criou sua sonoridade – ou melhor, sua “língua”:

1) Em 17 anos de carreira, qual foi seu maior aprendizado e por quê? Ótima pergunta! Geralmente as perguntas são sempre as mesmas e essa me fez pensar bastante. Acho que as lições mais importantes da carreira musical são lições de vida mesmo. São lições sobre como se relacionar, que vem com a maturidade e, na minha opinião, são mais importantes do que o conhecimento técnico. Por exemplo, respeitar a opinião e os gostos de cada um; a música deve ser apreciada e jamais imposta por alguém. Outra lição importantíssima: se distanciar da batalha de egos que está muito presente na noite e no mundo artístico, e ser humilde na relação com todos, sem exceção, até porque o mundo dá voltas. E, finalmente, valorizar, atender e interagir com o público, que é o maior triunfo do artista. São eles que admiram o seu trabalho que os mantêm vivos.

2) Como você costuma definir sua linguagem enquanto DJ? Sensibilidade, intensidade e atenção a detalhes.

3) A Cool Magazine te escolheu três vezes o melhor DJ do Brasil. Como você se enxerga profissionalmente? Acho que tem sido uma carreira de sucesso. O mercado musical está constantemente em busca de novidades, principalmente o público da nova geração. Se manter em evidencia entre os principais DJs da cena é um desafio constante, você precisa se reciclar constantemente, gerar novos conteúdos, e aprofundar-se musicalmente. Isso me faz um DJ experiente, mas, ao mesmo tempo, atual. Essa é a minha definição.

4) Como você costuma explicar seu som? O que mais te influencia na música eletrônica? Uma característica do meu som é fugir do óbvio, procurar novas sonoridades, melodias e vocais que saiam do comum. Eu procuro nos meus sets contar uma história, levar o ouvinte em algum lugar novo, viajar. Ao mesmo tempo eu coloco bastante ênfase no groove, porque pra mim, acima de tudo, quando estou na pista de dança o som tem que dar vontade de dançar, gosto quando tem um lado sexy na música.

Sobre minhas influências, tento acompanhar outros artistas, caras que eu admiro. Tento pesquisar bastante na internet também. Mas acho que no final do dia o que mais me influencia é a energia do local, o meu estado de espirito, e o das pessoas que estão presentes durante a apresentação.

5) Na sua opinião, o que faz algo ou alguém ser Cool? Uma pessoa é cool quando é autêntica, verdadeira e interessante.

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Texto: Jacqueline Elise / Fotos: Divulgação