In Ellie Ka We Trust

Ellie Ka é um dos nomes que merecem atenção na cena eletrônica atual. A produtora e cantora norte-americana é radicada no Brasil, mas teve a certeza de ter se encontrado na música eletrônica em uma viagem a Londres, após ter sido convidada a cantar na famosa boate Fabric durante um dos sets que seriam apresentados naquele dia. Com referências vindas tanto do jazz e do blues quanto do techno e do minimal, Ellie se destaca por seu estilo peculiar de cantar que guia seus sets espontâneos e refinados. Não à toa, ela já liderou os rankings do Beatport com os singles “My Love Is” e “In Sex We Trust”, mostrando que veio para ficar.

A Cool Magazine bateu um papo com a musicista sobre suas influências e seus maiores objetivos. Confira:

1) Seu set é bem diferenciado, você costuma improvisar nos vocais enquanto toca. De onde veio essa ideia? Quando a pista me inspira eu improviso. Meu set às vezes é uma surpresa para mim. Percorri uma longa jornada ate aqui, fiquei um bom tempo envolvida com bandas e poucos sabem, mas sou musicista. Trabalho profissionalmente desde os 13 anos e o jazz sempre esteve presente. Acho que com a música eletrônica foi um processo natural. Tenho essa ideia na minha cabeça de que o compasso do jazz fica bem perto do techno, formando a repetição constante e esperando um contra tempo ou uma jogada melódica por fim. Com a minha ida a Londres em 2011, comecei a explorar mais as sonoridades eletrônicas e me encantar ainda mais por ela e pelo os seus sintetizadores, já que o mercado lá é bem amplo. Acabei comprando um Novation com vocoder [modelo de sintetizador] e fui experimentando. Acho que o insight veio mesmo quando recebi um convite de um DJ para fazer um live vocal na Fabric, realmente me encontrei e me diverti nesse novo mundo velho.

2) Sua sonoridade é muito inspirada no techno e no minimal. Tem algum outro estilo com o qual você gostaria de trabalhar? Fica difícil encaixar em uma só vertente o meu set já que [ele] é guiado pela minha voz. Já fiz algumas parcerias “pops”, que às vezes uso no meu set, por isso busco não me prender a rótulos e gêneros. Cada musica puxa para um lado: electro, micro house e até o techno e o minimal, que é a minha base.

3) Onde você busca suas inspirações? Quais são os elementos essenciais para o seu processo criativo? Pelo fato de ser jovem, café e doses alcóolicas sempre estiveram presentes no processo. Mas hoje procuro mudar o foco. Apenas um banho já me inspira [risos]. Sou uma artista muito colaborativa também, mas vejo que as pessoas estão perdendo a magia da criação pelo fato da tecnologia facilitar [o processo], e preciso dessa troca. Por isso procuro sempre fazer tudo presencial no estúdio, pra mim fluem mais energias presentes.

4) Em relação a sua carreira, qual o seu maior objetivo e por quê? Fiz um tour pela Argentina esse semestre, fui muito bem recebida, inclusive estou com uma agência lá que faz os bookings pela América, a Again Bookings, e no Brasil a Hypno Agency que está comigo desde o início. Ate o final deste ano tenho mais quatro faixas para lançar, duas em parceria com o duo israelense Jos & Eli pela gravadora Einmusika, de Berlin. Aqui no Brasil, [gravei com] Ricardo Albuquerque a faixa “Dying” pela Radiola Records e minha grande aposta “Darkness with Fireflies”, [feita] com Alexandre Alegretti e Riccii pela Make You Dance Records, de Miami. Esses por agora são os meus objetivos e continuar tendo a sorte de trocar com pessoas interessantes, mas também tenho a alma solitária. Gostaria de lançar algo independente em breve.

5) Por fim, o que significa ser Cool na sua opinião? Não ter o ego como o seu aliado.

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Texto: Jacqueline Elise