Onde o glamour e a gastronomia se encontram em perfeita harmonia
Falar em Beverly Hills é inevitavelmente lembrar de filmes icônicos como Um Tira da Pesada (Beverly Hills Cop), As Patricinhas de Beverly Hills (Clueless), Legalmente Loira (Legally Blonde) e a série Beverly Hills, 90210. Mais do que um bairro de Los Angeles, Beverly Hills é uma cidade independente, com prefeitura, polícia e corpo de bombeiros próprios. No coração desse enclave de sofisticação californiana ergue-se o lendário The Beverly Hills Hotel, inaugurado em 1912.
Pintado em um tom inconfundível de rosa e ladeado por palmeiras majestosas — algumas desenhadas nas paredes, outras plantadas nos jardins —, o hotel é palco de festas memoráveis, como o pós-Oscar da Vanity Fair. O tapete vermelho que se estende na entrada faz qualquer visitante sentir-se estrela de cinema.
No interior deste ícone da hotelaria americana encontra-se o célebre The Polo Lounge, aberto em 1941, concebido originalmente como refúgio dos jogadores de polo após as partidas. Rapidamente tornou-se o ponto de encontro da alta sociedade de Hollywood. Marlene Dietrich, inclusive, deixou ali sua marca ao solicitar que as mulheres não usassem calças — regra ainda observada. Durante o dia, exige-se elegância casual sem jeans ou tênis; à noite, traje mais formal, com blazer para os homens e produções discretas para as mulheres. Afinal, é entre essas mesas que contratos milionários do cinema costumam ser assinados — uma tradição que carrega o desejo de boa sorte e sucesso para todas as produções que ali ganham vida.
A cozinha de Ashley James
No comando da gastronomia está o chef britânico Ashley James, com passagens por casas estreladas Michelin, como o Le Jules Verne, na Torre Eiffel. Para ele, cozinhar é criar memórias: “Não é sobre o que eu quero, mas sobre encantar os outros; até um simples café preparado do jeito certo mostra atenção”, costuma dizer.
O cardápio muda conforme as estações, mas alguns clássicos atravessam décadas. Num dia de sol californiano, escolhemos almoçar no terraço, onde mesas se espalham como num jardim privado, embaladas pelo canto dos pássaros e pela brisa suave.
Um serviço incomparável
Um dos grandes destaques de The Polo Lounge é o serviço — primoroso, discreto e altamente profissional. Os garçons, sempre impecavelmente vestidos com suas tradicionais jaquetas brancas, parecem fazer parte do cenário desde sempre. Muitos deles estão no restaurante há décadas, acumulando experiência e conhecimento que refletem em cada detalhe do atendimento.
A equipe demonstra uma atenção quase intuitiva às necessidades dos clientes, antecipando pedidos e garantindo que cada momento seja marcado pelo conforto e pela elegância. O ritmo do serviço é perfeito: ágil o suficiente para não deixar o cliente esperando, mas nunca apressado, respeitando o tempo para apreciar cada prato e cada conversa.
A cordialidade é genuína, sem perder a formalidade que o ambiente exige. Cada atendente conhece o cardápio a fundo e sabe recomendar harmonizações e detalhes que enriquecem a experiência. Há um cuidado especial com os detalhes: a reposição das taças, a temperatura perfeita das bebidas, a apresentação impecável dos pratos — tudo contribui para a sensação de estar em um lugar realmente único.
Essa combinação de tradição, expertise e gentileza faz do serviço em The Polo Lounge uma verdadeira arte, capaz de transformar uma refeição em uma experiência memorável, digna do glamour que Beverly Hills representa.
Entradas
Logo que nos acomodamos, chegou uma cestinha de pães quentinhos e focaccia aromática — um agrado inicial. Iniciei a refeição com o tartare de atum ahi, servido com abacate, ponzu de yuzu, óleo de gengibre e folhas de alface romana. A ideia era envolver o peixe fresco na folha, somando textura delicada, vivacidade cítrica e a cremosidade suave do abacate. Um início leve e equilibrado.
Meu acompanhante optou pelo bolinho de caranguejo com agrião, rabanete, aioli de limão e vinagrete de mostarda em conserva. A casquinha apresentava uma textura firme, com interior macio e sabor doce, realçado por notas cítricas e levemente picantes.
Pratos principais
Filé de branzino grelhado — servido com molho de tomates secos, purê de alcachofras e batatas trufadas. O peixe chegou com pele dourada e carne suculenta. O purê, de textura sedosa e sabor vegetal discreto, conferia leveza ao prato. Já as batatas, aromatizadas com trufa, adicionavam um perfume sofisticado e uma nota envolvente. A acidez vibrante do molho harmonizava com precisão.
Salmão escocês grelhado — servido de forma simples, ao ponto, acompanhado por aspargos perfeitamente cozidos. Sem molhos elaborados nem distrações, o prato valorizava a pureza do ingrediente principal. O peixe, com pele delicadamente tostada e interior suculento, entregava um sabor limpo, direto e reconfortante. Os aspargos complementavam com frescor e textura.
Sobremesas
Escolhi a cheesecake de chocolate branco com base de biscoito Graham e compota artesanal de morangos: textura leve, doçura comedida e final fresco. Já o meu acompanhante optou pela cheesecake de frutas silvestres e flores, perfumada com camomila, sablé de manteiga Bordier, mel local e coulis de cassis preto — sobremesa etérea, que combinava delicadeza floral com acidez vivaz.
Taças de Aperol Spritz, cítricas e refrescantes, acompanharam toda a experiência, perfeita para uma tarde ensolarada em Beverly Hills.
Epílogo saboroso
No The Polo Lounge, tudo — da arquitetura às pequenas gentilezas do serviço — convida à contemplação. As criações de Ashley James evocam viagens, histórias e, acima de tudo, felicidade simples à mesa. Não foi apenas uma refeição; foi um instante cinematográfico capturado em sabores, memórias e um cenário onde o glamour vive em estado permanente.
Para maiores informações, visite o site do The Polo Lounge: www.beverlyhillshotel.com